A Política sobre Acesso Aberto a Publicações Científicas da FCT tem como objetivo assegurar que os resultados da investigação financiada por esta instituição são livremente acessíveis. Assente nos princípios da transparência e partilha, esta política potencia a colaboração entre investigadores e instituições, ampliando o impacto da ciência portuguesa na sociedade e na economia.
Esta Política entrou em vigor a 7 de fevereiro e aplica-se a artigos científicos, livros, capítulos de livros e monografias e a teses de doutoramento e dissertações de mestrado.
De forma a apoiar a comunidade científica no cumprimento desta Política, a FCT criou ainda uma página de apoio com todas as orientações necessárias para autores sujeitos à obrigação de publicação em acesso aberto. O novo site, disponível em acessoaberto.fct.pt, fornece, de forma clara e prática, um guia interativo que ajuda a identificar as diferentes vias disponíveis para garantir o acesso aberto em cada tipo de publicação, fornecendo instruções detalhadas sobre como proceder em cada caso.
Para compreender melhor o alcance desta medida, reunimos testemunhos de vários elementos da comunidade de investigação nacional, de norte a sul do país, que partilharam as suas perspetivas sobre as oportunidades e desafios associados a esta obrigatoriedade.
Democratizar o conhecimento e acelerar a ciência
Luis Piardi, investigador do CEDRI – Instituto Politécnico de Bragança, vê no acesso aberto um verdadeiro catalisador da ciência. Na sua perspectiva, a política “democratiza o conhecimento, eliminando barreiras financeiras e permitindo que qualquer pessoa, dentro ou fora da academia, possa aceder a resultados de investigação”.
Acrescenta ainda que, para si, os benefícios são duplos: “o acesso aberto acelera o ritmo da produção científica e amplia a visibilidade dos trabalhos, enquanto potencia a transferência de conhecimento para o setor empresarial e otimiza o investimento público em investigação”.
Flávia Pires, do CEDRI – Instituto Politécnico de Bragança, refere que a obrigatoriedade permite aumentar a visibilidade das publicações, não apenas junto do público técnico, mas também do público em geral. “Consequentemente, contribui para ampliar o impacto dos trabalhos científicos, não só em termos de citações, mas também na sua potencialidade de aplicação e replicação no mundo real”, explica. Para a investigadora, a política assegura transparência nos resultados obtidos e garante que o conhecimento produzido retorna à sociedade.
Para Carmen Santos, investigadora das ciências do mar e assistente de investigação na Universidade do Algarve, um artigo em acesso aberto é muito mais visualizado do que outro que não o seja, refletindo geralmente mais citações. Indica ainda que a principal mudança é uma maior democratização do acesso ao conhecimento científico: “permitindo que investigadores, estudantes e a sociedade em geral tenham acesso livre aos resultados da investigação. Isto pode favorecer a colaboração internacional, a interdisciplinaridade e a transferência de conhecimento para setores não académicos.”
A investigadora sublinha ainda que “aumenta a transparência da ciência e reforça a responsabilidade social do investigador, ao garantir que o conhecimento produzido com financiamento público esteja acessível a todos”.
Do Instituto Politécnico de Castelo Branco, Fernanda Delgado dá também o seu feedback, destacando o papel transformador do acesso aberto no reforço da transparência e da colaboração científica.
A docente e investigadora considera que a acessibilidade das publicações “aumenta significativamente a visibilidade e o impacto dos trabalhos, permitindo que investigadores de diferentes regiões, especialmente de países em desenvolvimento, possam aceder e aplicar esse conhecimento”. Sublinha ainda que a política traz benefícios institucionais, ao fortalecer a visibilidade das universidades e centros de investigação, e ao promover práticas mais padronizadas e reprodutíveis na ciência.
Na visão de Rita Salomé Varela Andrade Rodrigues Baleiro, professora coordenadora na Universidade do Algarve, a política sobre acesso aberto “pode aumentar significativamente a visibilidade e o alcance da investigação, permitindo o acesso a todos os interessados”. Sublinha ainda que a partilha do conhecimento contribui para a organização e preservação da produção científica em repositórios, fortalecendo o prestígio institucional.
Estes testemunhos refletem diferentes realidades, mas convergem num ponto essencial: a Política sobre acesso aberto da FCT é uma oportunidade para tornar a ciência mais visível, colaborativa e próxima da sociedade, desde que acompanhado por clareza, diálogo e apoio aos investigadores. Este é o primeiro de vários artigos dedicados a partilhar as perspetivas da comunidade científica.











