O Convento de São Francisco, em Coimbra, acolhe as Jornadas FCCN 2025, numa edição marcada pela quebra de recordes e por várias novidades. Saiba tudo sobre o primeiro dia de partilha de conhecimento.
O início dos trabalhos
Começou hoje a décima sexta edição das Jornadas FCCN, o evento anual que promove o encontro da comunidade de ensino e investigação servida pela FCCN, serviços digitais da FCT. Em 2025, foi batido o recorde de participantes deste evento, com cerca de 900 inscrições.
Os trabalhos começaram com três sessões paralelas que se espalharam por espaços em redor do claustro do Convento de São Francisco e focaram três temas: Acesso Aberto, Certificados Digitais e Repositórios Académicos.
Na Sala Almedina, o gestor do serviço da FCCN, serviços digitais da FCT, João Mendes Moreira, começou por dar as boas-vindas aos participantes das Jornadas FCCN, explicando depois o objetivo desta sessão. “Vamos focar a nova Política de Acesso Aberto [da FCT], esclarecendo as vossas questões e partilhando casos de uso”, detalhou, acrescentando que esta sessão prática terminaria com um conjunto de exercícios.
Ali perto, na Sala Sofia, o gestor do Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP), Paulo Lopes, explicou que a sessão seria dedicada a alguns dos procedimentos associados à migração deste serviço para a versão 7 do DSpace. Raquel Truta explicou depois que a sessão incluiria casos práticos, o testemunho de uma gestora de repositório e o esclarecimento de dúvidas.
Na Sala Mondego, a sessão focou as novidades no mundo do serviço RCTS Certificados, com a integração da nova entidade certificadora HARICA. Pedro Simões explicou que esta solução surgiu no âmbito da comunidade europeia de redes nacionais de ensino e investigação, tendo sido criada pela congénere grega da FCCN, serviços digitais da FCT (GRNET).
Durante o resto do dia, a atualidade de outros serviços esteve também em destaque, nomeadamente a b-on, o RCTSaai, o Arquivo.pt e o Polen, entre outros.
Um palco para a inovação
Num dos espaços das Jornadas FCCN uma frase está colocada em destaque: “Dá voz às tuas ideias”. O convite dá corpo a uma das principais novidades do evento em 2025 – a criação do Innovation Hub, descrito como um espaço “que dá voz aos participantes e promove um diálogo de proximidade”.
As apresentações decorrem durante os momentos de pausa do evento, e têm a duração de 15 minutos. A diversidade é também uma marca da iniciativa. As primeiras comunicações, realizadas durante a hora de almoço de hoje, focaram temas como processamento de vídeo, automação ou colaboração, por exemplo. Pelo palco, ao longo dos três dias do evento, vão passar representantes da FCCN, serviços digitais da FCT, da Universidade Aberta, do .PT e da Arditi, entre outros.
O Educast foi um dos serviços que passou por este espaço, durante o dia de hoje, com a equipa deste serviço da FCCN, serviços digitais da FCT a partilhar algumas das inovações tecnológicas que têm vindo a ser implementadas.
“Foi apresentado o Educast Recorder e o trabalho que temos vindo a fazer no que diz respeito à transcodificação de vídeo com recurso a GPU”, explica o gestor de Serviços Multimédia da FCCN, Nelson Dias: “Isto permite que os vídeos sejam processados duas vezes e meia mais rápido, em média – essa é a principal diferença para o utilizador”. João Carvalho e Fabrício Cunha foram os membros da equipa que apresentaram estas comunicações.
Para Nelson Dias, o Innovation Hub é “um espaço interessante para dar a conhecer projetos, de uma forma mais informal”. A ideia que está na base desta novidade, acrescenta, é ser um espaço “aberto à comunidade, para que investigadores, alunos ou docentes possam partilhar trabalhos e ideias, criando sinergias”.
O gestor de Serviços Multimédia dá ainda um exemplo que concretiza esta ideia de partilha informal. “Eu fiz, por exemplo, uma apresentação sobre o tema da sonificação de dados científicos, focando um tópico um pouco diferente que mostra como podemos olhar de outra forma para os dados que apresentamos, encontrando novos padrões e interpretações sonoras”, conta o gestor do Educast. ”Penso que é ilustrativo da partilha de ideias que é pretendida neste espaço”, conclui.
Com foco na IA
Ao longo dos três dias do evento, várias sessões vão abordar este tema da Inteligência Artificial. Hoje, duas sessões realizadas durante a tarde partilharam experiências na primeira pessoa com tecnologias de IA e uma mesa redonda sobre o projeto de fábricas europeias de IA, que procura acelerar a adoção destas soluções tecnológicas em sectores estratégicos.
Nesta sessão, o coordenador-geral da FCCN, serviços digitais da FCT, João Nuno Ferreira, detalhou o papel que Portugal terá nesta iniciativa. A candidatura nacional está inserida numa iniciativa conjunta de Espanha, Portugal, Turquia e Roménia, prevendo a criação de uma estrutura de interface em território português, com recursos humanos dedicados, para a prestação de serviços de alto valor e o apoio a Pequenas e Médias Empresas no uso desta infraestrutura computacional e o desenvolvimento de aplicações de inteligência artificial.
As Jornadas FCCN continuam amanhã, com a realização da Sessão de Abertura, no Grande Auditório do Convento de São Francisco, a partir das 09h00. Consulte o programa completo aqui.
Os primeiros testemunhos
Esta é a quinta vez consecutiva que Renato Rebelo participa nas Jornadas FCCN. O profissional do Ispa – Instituto Universitário explica a razão pela qual a participação tem sido contínua: “É um evento interessante para nos mantermos atualizados quanto aos serviços da FCCN, mas também para conhecer novas propostas, tendências, inovações e parceiros”.
Por outro lado, acrescenta, esta é também uma forma de partilhar experiências realizadas pelas várias instituições de ensino superior na área da tecnologia aplicada ao conhecimento. “É sempre bom conhecer o que os outros colegas estão a implementar e dar a conhecer aquilo que temos feito”, acrescenta.
Renato Rebelo vê nas Jornadas FCCN um evento com “uma qualidade e adesão crescentes”, que tem um impacto directo na vida das instituições. No caso do Ispa, conta, há várias parcerias que têm vindo a nascer do contacto realizado no evento, sendo que “a expectativa é sempre levar daqui algo mais”.